Ainda no século XIX, o patriarca da família Manoel Ferreira Carneiro já produzia os doces grãos no fértil solo de Santo Antônio do Amparo. Seu fascínio e o desejo de melhorar cada vez mais o café ali cultivado, foram transmitidos por cinco gerações de descendentes, criados dentro dessa cultura. Eu, Elisa Paiva Lamounier e meus irmãos, passamos nossa infância respirando o cheirinho do café. Nossos pais conseguiram com o provento do café dar um ensino superior a todos nós. Estudei e me formei em odontologia, mas sempre com o desejo e vontade de trabalhar com o grão e o que realmente acabou acontecendo. Já exercendo minha profissão e casada com Gabriel Lamounier Vieira, ingressei na cafeicultura. Ao lado de Homero Aguiar Paiva, assumimos a gestão da Fazenda Guariroba e Fazenda Palmeiras I. Desde então, nos especilizamos na arte do café, tendo a preocupação com a produção de um café de qualidade. A Fazenda Guariroba possui um terroir privilegiado que permite atingir a excelência na produção de cafés especiais, com características únicas que só puderam ser obtidas através dos mais modernos métodos de plantio e colheita, aliados à sustentabilidade e responsabilidade social. A Fazenda representa o café brasileiro nacional e internacionalmente, através do reconhecimento obtido com prêmios, como o melhor café natural produzido no Brasil em 2016 e classificados entre os dez melhores cafés brasileiros cereja descascado em 2018. Lembro de todas as férias de julho, época da colheita de café, passávamos os dias de descanso das aulas na Fazenda Cachoeira, com meu tio. Ficar na beirada do despolpador procurando um grão de Filipe, deitar no terreiro do café a noite e ficar olhando as estrelas, sentar na escadaria da cozinha e ouvir os desafios (cantoria) dos colhedores de cafés são memórias guardadas a sete chaves no meu coração e que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar. E como não se apaixonar pelos aromas e sabores do café?