Meu nome é Ivanyse Borges de Carvalho Bernardes, brasileira, casada, agricultora, 45 anos, residente e domiciliada em Cambuquira, Serra da Mantiqueira, Sul de Minas Gerais, Brasil. Sou filha única de um casal de agricultores que iniciaram o plantio de café em 1974, devido ao conselho de um amigo: “uma pequena lavoura de café, dá para sustentar uma pequena família”, coincidentemente, ano em que nasci. Acredito que minha paixão pelo café iniciou aí. Nasci e cresci em meio às lavouras de café e sempre acompanhei meus pais. Quando chegou a época de cursar uma faculdade, tentei direcionar os estudos a assuntos que podiam auxiliar no desenvolvimento sustentável da Fazenda Catiguá como o curso de Administração de Empresas, mas acabei cursando Direito também porque queria ter autonomia financeira. Advoguei 03 anos e trabalhei 10 anos como analista do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Atualmente meu pai está com 83 anos de idade e minha mãe 75. Optei por pedir exoneração do meu serviço público, para dar continuidade ao que eles conquistaram porque sou filha única, porém, a caminhada não é fácil. Aprendo muito com eles e ao mesmo tempo temos que acompanhar as tecnologias a nosso favor para produzirmos alimentos com qualidade e sustentabilidade, daí surge uma grande resistência por parte do meu pai que dificilmente aceita novas ideias e conceitos de cafés especiais. Ao mesmo tempo, devido a idade, não dá mais conta do serviço sozinho, principalmente da porteira para fora da Fazenda, pois não teve estudo e cada vez tem mais dificuldades em acompanhar mudanças e exigências. Aos poucos venho explicando que nossos cafés são especiais e tem que ter cuidados diferenciados para serem melhor comercializados. Sem contar que cada ano que passa nossos custos são maiores, os ganhos menores e corremos o risco da atividade ficar inviável para as futuras gerações se continuarmos trabalhando da mesma maneira. Para isto, alguns paradigmas precisam ser quebrados, pois só assim passaremos a produzir cafés de qualidade e consequentemente conseguiremos um comércio mais justo.