Minha história profissional se divide entre o café e a medicina. Ambos exigem e dão muito para quem se arrisca a encará-los. Significa que sua vida será em torno de suas escolhas, e a dedicação, será quase absoluta. Morar na fazenda foi um sonho acalentado, trazido dos primórdios da infância, do saudosismo das férias na fazenda dos avós, de saí dos meus primeiros anos para não mais voltar. Quando me via no Hospital das Clínicas em São Paulo, desenvolvendo minha primeira paixão pela pediatria, não poderia sonhar que outro amor bem diferente estaria a caminho, e que pra sempre eu seria uma mulher dividida entre dois mundos tão diversos e igualmente exigentes. Os acontecimentos mais importantes de minha vida simplesmente vieram ao meu encontro como se um fio invisível nos ligasse até o encontro de fato. Assim conheci meu marido, e assim ele “do nada” me diz, logo no início de nosso relacionamento: quero ter uma fazenda! Não medi um centímetro de risco, encontramos a tal fazenda em Ingaí, Sul de Minas Gerais, e em menos de um mês estávamos aqui, empregando para tal, as economias de nossas vidas. Já são trinta anos dessa decisão, foram muitas idas e vindas, a história nunca foi uma estrada reta, muito pelo contrário, no entanto, ainda hoje cá estamos. Como numa típica pequena fazenda do Sul de Minas, já fizemos de tudo um pouco, mas focamos os nosso esforços no café e nosso projeto de vida. Hoje podemos dizer que já caminhamos boas léguas, mas ainda estamos no caminho. O café envolve pela técnica e precisão que exige, pela criatividade e descoberta que proporciona, pela rede de pessoas incríveis que junta, pela energia que libera, enfim, acho que a própria cafeína tem seus efeitos químicos nessa história.